porque sinceramente, eu sou diferente. Nem melhor, nem pior, apenas diferente...
"E eu não espero que me vejam por dentro, desejo apenas que não me julguem pelo que veem por fora." (Monalisa Macedo)
sábado, 31 de maio de 2014
A menina que roubava livros

“Eu já vi inúmeras coisas. Presenciei as piores desgraças do
mundo e trabalhei para os piores vilões. E vi também grandes maravilhas. Mas
tudo é ainda do jeito que já mencionei: ninguém vive para sempre. Quando
finalmente fui buscar Liesel, tive um prazer egoísta por saber que ela vivera
90 anos de forma tão sábia. Suas histórias haviam emocionado muitas almas,
algumas das quais, acabei conhecendo nesse período. Max, cuja amizade durou
quase tanto quanto Liesel, quase...
Em seus últimos pensamentos ela viu a longa lista de vidas
que se misturaram à dela. Seus três filhos, seus netos, seu marido... Entre
essas vidas iluminadas como lanternas estavam Hans e Rosa, seu irmão e o menino
cujo cabelo permaneceu para sempre da cor do limão.
Eu gostaria de dizer à menina que roubava livros, que ela foi
uma das poucas almas que me fez imaginar como seria viver. Mas no final não
houve palavras, apenas paz.
A única verdade que realmente sei é que sou assombrado pelos
humanos!"
(Morte)
Vamos lá Brasil!

Vamos lá, façam seus protestos.
Juntem-se nas ruas e gritem;
Levantem suas faixas e marchem.
Vamos lá, façam seus protestos.
Quebrem vidraças e destruam patrimônios públicos;
Depois mandem pendurar na conta.
Vamos lá, façam seus protestos.
Toquem fogo em ônibus e façam arruaças;
Joguem bombas em inocentes e machuquem uns aos outros.
Vamos lá, façam seus protestos.
comprem seus ingressos;
façam filas para entrarem nos estádios e respeitem os acentos numerados.
Vamos lá, façam seus protestos.
Vistam suas camisas verdes e amarelas e torçam;
Vibrem e gritem na frente da sua TV como bons brasileiros.
Vamos lá, façam seus protestos.
Saiam e reúnam-se em bares, casa de amigos e torçam;
Gritem a cada gol, a cada falta, a cada pênalti.
Vamos lá, façam seus protestos.
Saiam dirigindo alcoolizados pelas ruas comemorando a
vitória;
Assumam o risco de serem multados, de serem pegos cometendo
infração.
Vamos lá, façam seus protestos.
Sejam pacíficos, sejam inteligentes, sejam astutos;
Desligue a sua TV e não dê ibope.
Vamos lá, façam seus protestos.
Deixem as redes televisivas sem audiência;
Façam eles se perguntarem o que está acontecendo.
Vamos lá, façam seus protestos.
Pra quê tanto barulho?
(MLS)
terça-feira, 13 de maio de 2014
Espera
Espero...
Espero...
Te espero...
Antes de deitar ela ajoelhou e fez uma prece. Há dois dias chorava copiosamente. Lágrimas quentes e doídas. Sentimentos de perdas, complexo de inferioridade, mágoas, lembranças... Era tudo um mix de emoções que a perturbavam repentinamente.Coisas aparentemente superadas voltavam a assombrá-la com uma força avassaladora. Pediu paz. Pediu proteção. Mas acima de tudo desejava ser feliz.
Quando acalmou-se leu um pouco. O trecho do livro falava sobre perdão, tudo o que ela não conseguia fazer naquele momento, perdoar!
Deitou-se. No escuro cantou uma canção que estava evitando há algum tempo. Era a canção deles, lembrava momentos da história deles. Cantou mentalmente cada estrofe e depois adormeceu.
Ao dormir, sonhou com todos aqueles que a causavam dor, todos aqueles a quem ela não conseguia perdoar. Ao acordar, não pensou no sonho como um pesadelo, mas talvez como uma espécie de libertação...
(05/05/2014)
sábado, 3 de maio de 2014
Há exatos cinco minutos decidiu ser feliz. Não que já não fosse de alguma forma. Mas decidiu tomar consciência de que sua pressa não tinha sentido e que havia um condicionamento exaustivo para sentir-se sempre em falta. Decidiu ser feliz assim: se despedindo de alguns hábitos, pessoas, desocupando lugares que lhe davam a extrema sensação de estar na contramão da alegria. Sua infelicidade era composta por coisas simples, mas simbólicas: uma cama alheia convidativa, mas que esvaziava o seu espaço. Uma pessoa sedutora, mas que lhe roubava a individualidade e determinava seu estado de espírito. Sua consciência esclarecia a precisa carência em que vivia. A inanição de afetos: abandonou seu espaço de criação e o momento de solitute, os prediletos. Mas bateu um cansaço mental e físico tão absolutos que teve a sensação de que, se não decidisse ser feliz naqueles exatos cinco minutos, quando o seu corpo se sentisse realmente deitado e sua mente silenciasse, nunca mais sairia daquela posição, daquele estado. E era preciso continuar. Então, a felicidade começaria ali, com um simples repouso de tudo, de todos, de uma parcela de mundo. Naqueles exatos cinco minutos.
(Marla de Queiroz)
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