"E eu não espero que me vejam por dentro, desejo apenas que não me julguem pelo que veem por fora." (Monalisa Macedo)

















terça-feira, 30 de agosto de 2016

7 calçados...

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Meu primeiro calçado foi sonhado, desejado e amado...
Sapato achado na virada de uma estrada...
Com o tempo ele deixou bolhas, feridas e marcas profundas...
7 anos levei para me desfazer desse calçado...
O medo, a insegurança e a carência não deixava eu colocar ele em seu devido lugar...


Meu segundo sapato...
Lindo, perfeito aos meus olhos, confortável e doce, mais sete anos vivendo um sapato que deixou dor, desilusão e pura decepção...


Meu terceiro sapato...
não escolhi, apenas usei sem observar se cabia perfeitamente no meu pé, durou pouco, deixando-me mais uma vez na busca do sapato perfeito...


Meu quarto sapato...
Esse foi um sapato suave, tranquilo por demais, foi tanta inércia que o sapato se desfez...


Meu quinto sapato...
Uma explosão de emoção, olhei para o sapato segurando o coração, falei para eu mesma, esse é o sapato perfeito para viver constantemente onde deve estar, com o tempo ele me sangrou, me feriu e me machucou... Foi tanta dor que pensei: Não vou suportar mais calçar sapatos que não conseguem suportar quem eu sou na minha alma machucada, marcada e fraca...


Meu sexto sapato...
Nossa!
Que sapato!
Não medi esforços!
Esqueci todas as dores, cicatrizei todas as feridas, olhei para o céu e agradeci, esse é o sapato mais perfeito que já vi...
Durou tão pouco quanto meus pensamentos...
Esse sapato perfeito renovou e fortaleceu todas as marcas que já tinham desaparecido da minha vida...
Pior que todos os sapatos já usados...
Esse quase me levou para a morte...
Era um sapato envenenado...
Disfarçado na beleza da alma que diz saber o que é amar e ser amado...


Meu sétimo sapato...
Doce, puro, de um aveludado macio e perfumado...
Sapato que carregou-me no colo por anos, limpando do meu coração a dor, o apego e a desilusão...
O tempo foi descolorindo meu sapato, ele foi perdendo o brilho, se quer me dava ouvido...


Hoje não uso mais sapato!
Ando com o pé no chão!
Não quero mais ferida, cicatriz e dor no coração.
Hoje piso na terra, ando de chinela...
Depois que usamos sapatos que machucam...
Preferimos a simplicidade...
Pé no chão...
Sentir onde piso é melhor que me enganar com a sola de um sapato que possa me retirar o contato com a realidade.
Ande, não use sapato...
Ande com o teu pé livre...
Não se engane com sapatos que possam ferir o seu dia a dia.
Ninguém merece sapato caro que engana com a marca o que o tempo guarda.
Deus me mostrou que andar descalça é a melhor coisa...
Se você se ferir, saberá muito bem onde está pisando.
Terá o pé livre para desviar das pedras, dos espinhos e das ilusões que a vida fornece com as palavras lindas que enganam.
Meu pé hoje não precisa de sapato.
Ele anda na terra, na poeira, no vento, ele anda da forma que nasci...
Descalçada!!!
Preparado para qualquer ferida.


(Angel Kayalla)

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