"E eu não espero que me vejam por dentro, desejo apenas que não me julguem pelo que veem por fora." (Monalisa Macedo)

















sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Perdão, nem pensar!


A traição, esse horror - e quem nunca foi traído pelos maridos, pelos amigos? Dela ninguém jamais escapou, nem mesmo Jesus Cristo. Só que existem traições menores e traições maiores e algumas podem até ser esquecidas, enquanto outras, só de lembrar dão uma dor no peito, mesmo anos depois.

Seu marido, namorado, o que for, vai a um congresso em Bangcoc. Na volta, no meio de uns papeizinhos, um cartão com um nome - Susy - e um telefone. Você vai fazer um escândalo, claro, e ele vai jurar que era apenas uma senhora muito distinta, que foi com ele a uma loja para comprar as sedas que você encomendou. Nada de tão grave. Uns dias de mau humor, ele te agradando de todas as maneiras, e a crise passa, sem deixar cicatrizes. Sem deixar, médio. Se um dia você ouve aquele nome desprezível de quatro letras, o coração pode apertar; as sedas, teve vontade de cortar com tesoura e jogar no lixo, mas acabou deixando. A US$ 25 o metro, também não é assim.

Outra traição comum é em festas, sobretudo nas de Carnaval. Se ele fizer charme para todas é normal; afinal, no calor do samba, bebida rolando, é inevitável, faz parte, e como todo ano é a mesma coisa, você já sabe que passa. Grande perigo são os fins de semana na praia; o grupo é grande, a roupa é pouca, muita caipirinha, quem não conhece esse filme? Claro, ninguém acha graça em ver seu homem galinhando, mas também passa, eles são infantis e inseguros, e a gente tem mais é que compreender. Pior: compreende. Tudo pelo amor.

Mas existem certas traições que não se pode esquecer e nem se deve. São aquelas que quando você um dia descobre e volta no tempo, vai lembrando de detalhes que era melhor morrer sem ter sabido. Aquele dia em que ele se despediu tão carinhosamente, indo para São Paulo e a outra estava indo junto. Quando te deixou num sábado à tarde para jogar vôlei, dizendo que você tivesse juízo, que te adorava, e foi visto entrando num motel com ela. As palavras que ele dizia, o jeito como te olhava, o amor com que te amava - e com a outra. É a isso que se chama enganar e, para esse crime, não tem perdão.

Você continua a lembrar. O dia em que ele chegou tarde trazendo flores. Sempre soube que marido que chega com flores não é bom sinal, mas com ele era diferente. E quando estava no hospital e às 11h30, sem sono, pediu à enfermeira para telefonar do corredor para dizer que estava com saudades e ele não estava. Ele contou que saiu porque não agüentou a solidão da casa sem você, tem pior?

Tem sim. É quando você descobre que era com sua amiga. Aquela confidente, a quem você contava suas dúvidas, a quem dizia que às vezes desconfiava que ele tinha outra, a quem você abriu seu coração.

Mas tudo passa, ele também passou, você pensa que superou, e às vezes se acha tão superior que até deseja que os dois sejam felizes.

Só que separados.



(Crônica - Danuza Leão).



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