"E eu não espero que me vejam por dentro, desejo apenas que não me julguem pelo que veem por fora." (Monalisa Macedo)

















segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Quantas vezes...

Quantas vezes ela dedicou o seu dia a cuidar da beleza. Cuidava dos cabelos (aqueles cabelos longos e negros como de uma índia), deixando-os macios e brilhantes, provocando a admiração de muitos. Sua pele também era bonita, cor de jambo, sem manchas, sem espinhas. Seu corpo era bem esculpido, suas formas e contornos davam inveja. Tudo nela era bem sincronizado, sua aparência jamais revelaria a idade que tinha.
Diante de tudo isso muitas vezes chegava a comparar-se com as menos favorecidas de beleza e em alguns casos chegava a invejá-las. Pareciam tão felizes ao lado de seus companheiros. Sim, elas tinham alguém do lado, marido, namorado...
E ela, o que tinha?
Parecia enfeitiçada por uma maldição. Tão bela, tão desejada e ao mesmo tempo tão triste e solitária.
Quantas vezes cuidou-se tão bem. Corpo, cabelo, roupa, sapato, sem falar no perfume que é a marca de toda mulher. Era uma mulher cheirosa.
Quantas vezes produziu-se para alguém esperando o elogio certo, a noite perfeita...
Quantas vezes a bela imagem refletida no espelho embaçou diante de olhos que nunca souberam apreciar a sua beleza.
Quantas vezes sua maquiagem bem feita pareceu escorrer como cera junto ao fogo, por causa da grosseria e insensibilidade daquele a quem ela se dedicou.
Quantas vezes saiu de casa sentindo-se uma princesa, mas ao retornar, sentia-se arrasada, frustrada, humilhada e apavorada como uma gata borralheira...

Um comentário:

  1. "Quantas vezes..." Lindíssima prosa poética, escrita com o coração.

    Olhar o céu à noite é sempre uma boa oportunidade de acreditar que logo, logo, tudo se encherá de luz...

    Respeitoso abraço!

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